terça-feira, 26 de junho de 2012

DESCONSTRUÇÃO de Marcello Ferreira






"Vá à casa do oleiro, e ali você ouvirá a minha mensagem". 

Jeremias 18:2

Vamos lá ser transformados em algo melhor?
Pode doer. Mas, será como tirar um espinho do pé.
Útil.
Benéfico.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

PoemTweets e Facepoems [#2]

VIÚVOS E VIÚVAS 
vira o que o mar engole (loap)
que veloz e vinho, depois, cospe (rrrrgh-floapt-shhh)
véu áspero insuportável de ser viúvo bege
dói roxo ter sido e agora ter que ser
o que é ser sozinho azul-marinho
e sofrer com a distância do nome
que uma vez foi seu
e clama (aaaaah!) amarelo áureo
com vísceras de paixão rubra
ao Juíz para que o seu adversário
na derrota, padeça cinza
e ao Eterno Juíz, clamo (ó!)
para que o que nasceu filho
da distância pela vida viúva
como uma nova afronta (ó!)
venha a ser derrota consumada
e eu viva num porto mais feliz.


[inspirado na leitura bíblica do livro de Lucas capítulo 18].
Quantas vzs não somos apartados de algo que sentimos falta e que com essa distância vem algo de muito ruim que só Ele pode resolver?
Muitas vzs.
Mas, Ele resolve.



Para você que tem dúvidas quanto ao futuro:
Entendendo o seu lugar no mundo:

ÁRVORES


Quero entender as árvores
invocadas
mudas
se alimentam
e ganham força diária,
plantadas
suas sementes,
a essência destas formas viventes
bem aventuradas
se em natural morada
Mas...
secas, ásperas e mortas,
se do certo lugar, forasteiras
Há plantas para o deserto
e folhas para o campo
cada uma em sua medida
não podem ser roubo
não podem ser rebeldia
Quem, do alguém, que deveria ser, foge
é um que rouba e morre
Rouba a relva de sua sombra,
rouba o árido de sua água
e sem significado restante,
falece eternamente

Rouba o Senhor das Árvores
e seca num não-mais-existir,
num não-mais-ser
num não-mais-plenitude.

Ai, minha alma, menor que os prédios altos, se sente!/ Ó quanto aperto de alma! Mas, maior ela é que todas as pedras juntas/ sim, ela é.
---
Eu penso na infância e vejo a minha construção. E sinto falta de toda sua vida lúdica:
--
Por uns dias passados, reparei numa marcha de formigas carregando folhas e admirei aquilo. Quanta beleza! E pensei em celebrar a vida de criatura junto a outras criaturas! A alegria de ser criado por um Deus sensível e criativo:
Com a formiga, concebo a alegria/ ela e o seu povo carregam suas folhas/e ouço festa/ tambores/ harpas/ frutas rubras divinas/A minh'alma ouve festa/ céus com laranja

domingo, 25 de março de 2012

Os PoemTweets e FacePoems da Semana [#1]


Eis a primeira edição da minha coletânea semanal dos poemas que postei no Twitter e no Facebook.

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Posso ir/ o horizonte turquesa está a vista/ e o que é belo raia e me faz sorrir/ sonho a chegada no porto daquela terra

E a relva já está no peito/ o seu gosto doce na alma/ quando, noturno, vier o leito/ a relva daquela terra me abrigará

-
O meu amor não foi embora/ só ficou quieto atrás da mágoa/ me faz falta todo seu carinho/ e o chamo, agora, de volta para fora/ Perdão é o pão/ de quem morre de fome/ Perdão é o pão/ de quem morre de dor/ Perdão é o remédio se existir é tédio

Fome de vida/ fome de amar/ livrar-se do passado/ ser livre, voar/ cantar a dança/ de quem perdoa/ e se deixa amar.

-
!DESTAQUE!:

Longe de mim/ está sorrir/ quando Você chora/ mas, sou desconexo/ não conheço Suas lágrimas/ tenho uma caixa/ mas Você não está nela
Vou chorar com os que choram/ e rir o Seu sorriso Vou buscar na memória/ o que realmente importa/Ser pobre de espírito.

-

A surpresa do fracasso/ foi ser levado ao Ouro/ brilhante bem no falho/ a luz, sim, a luz brilhando no fraco.

-
!DESTAQUE!:

O tempo passa/ inverno vai/ inverno vem/ e os queridos continuam na espera/

A vida se escassa/ dor vai/ dor vem/ e os felizes continuam sem existência

Quando o trem vier/ quando o trem perder ausência/ me avise para eu cessar meu lamento/ a saber que foram para a Felicidade

Serão queridos/ serão felizes/sempre foram amados/

~~(trompetes com som "marrom", maduro e austero. Com ar de casa séria. E velha). .~~

-
Alma sente o rio/ e escorre / se desespera/ alma quer sentir a Água/ quer abrir o riso/ que se doeu/ pela dura áspera lida.

-

!DESTAQUE!:

"Bandeiras"
 
Finco bandeiras,
bandeiras finco
suas cores, canto inteiro
o vento frio que beija as pedras
inocentes e mudas,
em mim encosta tocando
e o campo das bestas feras come luz e verde sorri

Finco bandeiras,
bandeiras finco,
todas com Teu nome,
Senhor das Ilhas e das Estrelas

Demarco o Teu território:
o meu mar, as minhas bestas chagas, o meu campo, as minhas pedras caladas, o meu tudo

Finco a bandeira
a bandeira eu finco


Todos os poemas são de minha autoria.

Marcello Ferreira.


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@Markfirgod

E olha o meu Facebook:
Mark Müller

:D


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Cifra




O meu custo não está!

Eu sou dispendioso esforço!

Sou alma-capital

Não vou viver
com a pilhas de caixas
que mancham a vista
das janelas

A cifra é uma sombra na parede da caverna

Uma ilusão cara!
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Eu não me lembro bem como este poema me veio à superfície do pensamento, contudo, foi num momento onde questionei a importância louca de tratar a vida como um mercado.
A maioria das pessoas regem sua vida dando valor e buscando o que é mais caro, porém, sendo os homens quem dão  os preços às coisas, estes, não são sagrados e imutáveis. Ideais.

A alma é uma grande geradora de riquezas! Tratem da alma!
E ela é muito cara! E já foi adquirida. Resgatada. Sem dinheiro. Com sangue.

E, também, fiz referência ao mito da caverna que se encontra no Livro VII dentro da obra "A República" de Platão, onde se questiona o conceito de realidade.

Na real, o que é a realidade: o que eu percebo? O que eu sei?

Mas, o que eu percebo? O que eu sei?

Será que sei o que penso saber?

Será que a cifra, o dinheiro, o mercado...

Será que são?

Será que são?

Ou será que só soam?

O que é real?

A realidade é mais profunda.

Por: Marcello Ferreira.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Eclesiastes

Um momento
muito Eclesiastes
dentro do peito

O que realmente vale a luta?
Será que há mais ilusão
do que verdade no que se deseja?

E eu sinto muitas nuvens amargas
no céu de dentro

E eu vejo que as minhas lágrimas
procuram uma causa pura

E eu temo não causar à existência
o que o valor da vida significa

E eu não consigo cantar
pois dói saber
que muito do que ferve
ou sublima supremo
no coração,
é dura perda de tempo.
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Faz\ um bom tempo que este poema foi escrito. Aliás, foi, exatamente, escrito no dia 10 de outubro deste ano.
Sabe quando você percebe que muitas coisas podem não passar de inutilidades? De vaidades? De coisas vãs que têm tomado o tempo de coisas importantes? Então, foi isso que aconteceu comigo.
E neste processo, há questionamento que só a Sabedoria, que é o Deus Criador e Redentor, é capaz de responder ao nosso coração, como uma brisa suave que balança a relva.

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Por Marcello Ferreira

domingo, 20 de novembro de 2011

MARIA ALICE - SEGUNDO CAPÍTULO









A Maria Alice bandida foi presa pela polícia, após ter baleado um dos seguranças do escritório, quando lutou para escapar deste estabelecimento, e fugiu. Depois de algumas horas, o empregado baleado faleceu.
Sandra ficou toda nervosa e fez chilique na delegacia pedindo que tomassem providências sérias quanto à criminosa.
Melhor: ela queria que a mulher do crime que tinha o mesmo nome que a sua filha, sofresse com violência e maus tratos.

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Maria Alice morena e de parecer muito latino-americano, estava se arrumando em seu barraco-pedaço de uma hipertrofiada favela. Estava vestida com uma microssaia, uma tomara-que-caia vermelha, a boca rubra mais que o sangue e a maquiagem feita para a guerra: ela era uma garota de programa.
E, ali, naquele crepúsculo, todo bafo, a sua mãe Azaléia, baixinha e roliça, com um bigode marcando espaço semi-verde cercava a filha, sorrindo.
E então, falou o que estava radiando maligno em seu coração:
- Meu santo... Eu sô tão orgulhosa de você!
Espantada, Maria Alice:
- Oi? Orgulhosa de mim?
Sorridente-alva com um sorriso branco-amarelo-lâmpada cruel, a mãe explicou:
- Sim! Muito orgulhosa do que você é!
Atormentada:
- Mãe, eu sou uma prostituta! Você tem orgulho disso?
Azaléia apertando as bochechas da filha:
- Você está cumprindo o seu propósito. Eu te ofereci para os meus guias, para ser a grande meretriz, a paixão dos homens. Para ser amada por todas as tribos! Para ser de todos quando todos quisessem.
Afastou-se, bruscamente, da mãe, da qual, as mãos que apertavam as bochechas da filha, estavam, agora, perfumadas pela maquiagem do rosto de quem  apertava e também estavam no vácuo; estavam desprezadas sem alguém afagar.
Maria Alice:
- O QUE? Cê tá doida? Maluca varrida? Por que você faria isso?
Azaléia começa a dar uma gargalhada diabólica e cai de joelhos aos pés da filha, dizendo:
- Você foi a oferenda necessária para trazer seu pai de volta.
Maria Alice abre a porta feita de vérios pedaços de madeira, com a sua microbolsa pendurada no ombro, e antes de sair diz:
- Você é louca.

AGORA ELA ESTÁ PRESA. FOI ENVIADA PARA UMA PRISÃO PROVISÓRIA AGUARDANDO O JULGAMENTO.

E o delegado ficou insistindo com a sua voz de pigarro:
- Eu sei quem você é. Eu conheço o seu tipo.

E, dentro de si, Maria Alice:
- Até parece, até parece, até parece... Você não sabe quem sou. Não mesmo.

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6 anos atrás

Ela conheceu o Mário, mais chamado por Mamá, um traficante, que por ela, apaixonou-se. E, saiba, essa paixão foi recíproca.
Para a dor mística de Azaléia, a sua filha deixou as ruas e os programas e foi morar no sobrado do Mamá.
Após um tempo, Maria Alice quis entrar no business da maconha. Mário não aceitou de pronto, contudo numa noite, ele foi baleado e morreu. Daí então, Alice entrou no negócio como a dona; a manda-chuva; a herdeira.
E o que ela estava fazendo assaltando alguém, se ela era a chefona?
Explico: ela começou a namorar um dos caras daquele comando, que logo a ludibriou, pedindo para tomar o lugar dela na liderança. E o que essa Maria Alice fez? Carente por algum vínculo emocional, ela aceitou.
Após um tempo, ela passou a apanhar do novo namorado e mais desejosa por atenção, traiu-o com um dos subordinados. Este último foi assassinado e ela expulsa daquele clã, após apanhar muito.

Sozinha, foi até a casa da mãe, procurando por socorro.
Azaléia deu na cara da filha e gritou:
- Você fugiu do seu propósito! Você me desonrou! Sai daqui, sai! Xô, xô, xô!
E, parada debaixo da garoa fina, contemplou a neblina alva que cobria o morro onde aquela comunidade ficava. Não conseguiu chorar, pois as lágrimas já haviam esgotado do cofre em seu ventre.

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Agora chegando em uma sala-esgoto abarrotada de mulheres caídas, Maria Alice Carmo da Silva, 26. Ela pergunta com os olhos vagos:
- O que, de agora, em diante?

Enquanto isso,  a outra Maria Alice, filha de dona Sandra, chega de malas no apê da amiga Luiza:
- OOOOI!

[CONTINUA]

Minissérie de Marcello Ferreira.

sábado, 12 de novembro de 2011

O que é uma ferida

Uma ferida não é somente
o corte sangrento que se vê

Mas, também, a canção,
que por causa dos arranhões,
tornou-se muda

E, por mais que passe o tempo
maldizendo os gritos,
nenhuma das suas chagas se cura

Querida emudecida canção,
use o seu tempo como pérola rara:
cure a sua mudez; procure o que
sara a sua familiar ferida.

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Eu senti a gênese deste poema, quando observei um arranhão numa parte do meu corpo, da qual, exatamente, não tenho certeza para dizer qual foi [acho que foi no braço].
E veio a mim, um pensamento: "será que para ser ferida, é preciso ser algo exterior? Ser visível? Por que é preciso ver para ser dor? Constatar com a própria visão o que é dor e o que não é?"
E se a dor for, simplesmente e de modo assustador, não perceber a dor que habita no mais profundo peito?
E se a dor for a cegueira existencial. O ser mudo em seu todo. A vida flagelada interinamente.
Há ferida externa e também, há muitas internas.
Eu aconselho a todos a procurarem a cura existencial.
E se alguém quiser uma orientação de onde encontrá-la, eu vou dar a minha palavra.

Quer o fim da ferida? Ou quer gastar o tempo da existência lutando em escondê-la e "maldizendo os gritos" botando a culpa nos outros ou em outras coisas?

Por: Marcello Ferreira.